segunda-feira, 3 de junho de 2013

Vivendo entre entulhos

Não é preciso andar muito pelas ruas de Belém para encontrar pontos de entulhos. Geralmente, restos de materiais de construção, madeira, pneus e móveis caracterizam esses amontoados de lixo que ficam jogados ao ar livre. Pela dificuldade de se desfazer desses entulhos, muitos moradores optam por jogá-los em vias públicas, mas quem acaba sofrendo as consequências desse feito é a própria população. Os pontos de entulhos atraem vetores de doenças infecto-contagiosas como moscas, ratos e baratas, além de entupirem bueiros e canais, causando grandes alagamentos durante o período de chuva.

Dona Léia, moradora do Bairro da Marambaia, confessa que prefere jogar os entulhos no canal, já que, segundo ela, o caminhão de coleta que deveria passar regularmente, fica semanas sem dar as caras pelo bairro. ‘’Eles passam uma vez na vida outra na morte. Não dá pra gente esperar a boa vontade deles’’, disse. Dona Léia afirmou também que contrata os carroceiros quando quer descartar algo.

A ONG ‘’Noolhar’’ trabalha hoje em Belém com projetos de conscientização socioambiental e educação sobre o despejo de entulhos. Patrícia Gonçalves, coordenadora do projeto, afirma que a prefeitura não tem obrigação de tirar o entulho das vias públicas. ‘’A responsabilidade do pós-consumo é nossa. A prefeitura não tem obrigação de tirar o sofá de dentro da minha casa ou do meio da minha rua’’, explica. Nesses casos, a coordenadora disse que o certo a se fazer é dividir esse material em partes menores e colocar para coleta comum.
Existem cooperativas que fazem reaproveitamento de materiais despejados em entulhos, como: sofás, colchões, estantes, etc. O que para alguns é lixo, para outros é matéria-prima. Um exemplo disso é a oficina do seu Ailson Junior: ele trabalha há anos com reaproveitamento de móveis, e vê nesses materiais despejados a oportunidade de ganhar dinheiro. Usando sua criatividade, seu Ailson faz da sustentabilidade o seu ganha pão. Ele reutiliza materiais ‘’sem utilidade’’ e cria novos móveis colocando-os para venda. ‘’Tudo pra mim é dinheiro. Se eu vejo que ainda dá para usar, eu pego e recrio esse material’’, afirmou.

A Secretaria Municipal de Saneamento (SESAN) conta hoje com um sistema de monitoramento via satélite de caminhões de entulho. A pessoa que deseja descartar algum material precisa ligar para o número 0800 095 3560 e aguardar o recolhimento. Lembrando que o tamanho desse lixo não pode ultrapassar a quantidade de meio metro cúbico.De acordo com a SESAN, é feito regularmente o recolhimento de entulhos nas ruas e canais da cidade, mas logo após a retirada do lixo a população volta a despejar novos materiais.

Patrícia Gonçalves acredita que o que falta para a população belenense é educação. ‘’Não há um projeto de conscientização, de educação e, principalmente, de punição.Porque jogar entulho na beira do canal ou nas ruas é crime ambiental. Então, a gente precisa de um projeto de médio a longo prazo de educação ambiental urgente no município de Belém’’, concluiu. 

Texto e foto de Felipe Matheus
Revisão: Erica Marques
Edição: Juliana Theodoro

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